As que chegaram mais perto foram Nintendo e Sega, que vendiam suas máquinas por intermédio de parcerias, com Playtronic e TecToy, respectivamente. O mérito de uma fabricante colocar o produto à venda sem atravessadores cabe à Microsoft. Para o mercado brasileiro é um marco.
E verdade seja dita, é preciso peito pra isso. Não é segredo a ninguém que manter negócios de forma lícita e transparente no Brasil é tarefa árdua. Tudo, sem exceção, ganha preços exorbitantes. De frigideiras a televisores, não há absolutamente nenhum produto cujo valor não vá às alturas. Agora, imagine o que rola quando um videogame que custa módicos US$149 nos EUA desembarca por aqui por quase R$2000. Pois é, esse era o preço no lançamento do Xbox 360. De lá pra cá tiveram quedas até o cobrado atualmente, de R$999 no modelo mais básico do produto.
Os altos e baixos
Embora seja sempre mais fácil e cômodo criticar os preços, vou seguir o caminho contrário para indicar os acertos. Do lado do consumidor, evidentemente, há a vantagem de ter um suporte local. Comprar na banquinha da Sta. Ifigênia (região paulistana conhecida pelo comércio cinza, com venda de eletrônicos contrabandeados e, por consequência, sem arrecadação de impostos) é mais barato? Sem dúvida. Vale a pena? Eu diria que não. Ali, "la garantia soy yo". Virou a esquina, colega, já era. Em suma, é uma economia burra.
Certo, você pergunta, por que cargas d'água eu deveria me preocupar tanto com a bendita garantia? Porque o projeto inicial do Xbox 360 gerou um problema sério no aparelho. Apesar de extirpada com a chegada do Slim (um Xbox 360 redesenhado, de menor tamanho, previsto para ser lançado no Brasil em dezembro), as chamadas "luzes da morte" ou "3RL" (do inglês "three red lights) deixaram uma marca indelével na imagem do console. A falha causava exatamente o que o nome sugere: a completa inutilização do videogame. Tudo porque a Microsoft tentou, de forma discutível, remediar o problema sem assumi-lo de fato. Teria sido uma medida mais eficaz admitir o erro. No lugar disso, implementou um sistema de troca: caso o videogame desse pau, bastava mandar pra empresa que ela envia um novo pra você. Lindo, não fosse a consequência negativa que isso causou.
Se a questão do superaquecimento demorou a ser resolvida, outras nasceram certeiras. Nesses quatro anos, o consumidor brasileiro se acostumou a encontrar jogos em grandes lojas. Algo inédito. Melhor: por um preço que começa em cerca de R$70. Há cinco anos, se alguém imaginasse isso, seria dado por utópico ou insano. Claro, muitos ainda reclamam. Para essa turma, mesmo que o jogo caia para R$10, a preferência continuará sendo ao produto falsificado. É fruto da cultura cancerígena do "jeitinho brasileiro", algo que ainda vai levar gerações a mudar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário